cidade adiada

Estão à espera do quê? 

A notícia de hoje dá-nos conta de que a cidade espera por Agosto para salvar o verão, goradas as expectativas da praia da Figueira como alternativa no actual cenário de crise. Apesar do sucesso das praias do sul, estas continuam à espera da areia que ficou retida a norte. Aqui, espera-se que o crescimento da praia não afaste ainda mais os banhistas, que tudo isto seja circunstancial e que venha a passar com o tempo. Quem sabe se não estão todos à espera que o aquecimento global possa vir a qualificar o uso balnear e que assim se resolva a coisa... 

Amanhã na Reunião de Câmara Extraordinária os nossos eleitos vão ficar à espera de ser esclarecidos pelo grupo técnico responsável pela revisão do POOC. Este grupo de trabalho irá certamente tranquilizar o executivo com o argumento de que também as propostas ficarão à espera do dinheiro, pelo que qualquer oposição no presente será extemporânea. A Universidade de Aveiro, que faz parte do consórcio que assumiu a elaboração do POOC, vai ficar à espera que qualquer reacção às propostas passe despercebida. 

Da nossa parte apenas uma certeza: não queremos uma cidade adiada! Não vamos ficar à espera. Vamos continuar a reclamar O MAR À CIDADE, contra a ausência do debate das ideias e da participação pública por encomenda, porque o futuro da cidade é agora que se decide.

notícia do Diário das Beiras de 31 de Julho

dias de praia #3

Todas as semanas uma ou mais imagens de celebridades, e outras pessoas menos famosas, na praia.

Maré baixa, nas poças do Cabo Mondego, Verão de 1974

ir a banhos

Em 1920...

desporto de reis

Consta que Eduardo VIII de Inglaterra terá sido um dos primeiros surfistas britânicos. Nestas fotos de 1920 da colecção do Museu Britânico de Surf pode ver-se o futuro rei - na altura ainda príncipe de Gales - a surfar em Waikiki, Hawai.

a ver o mar #1

Casa de praia na ilha de Herner, Noruega.
Outras fotos aqui.

dias de praia #2

Todas as semanas uma ou mais imagens de celebridades, e outras pessoas menos famosas, na praia.

Sir Winston Churchill, antigo primeiro-ministro britânico, em Deauville, França, 1922

a fronteira

Nessa fronteira, que é a orla costeira, onde a terra e o mar se encontram, nessa fronteira fluida, feita de recuos e de avanços, exercitam-se práticas ancestrais, gerem-se saberes, adquirem-se competências, rompem-se os limites da legalidade e reproduz-se, ativamente, a herança cultural de uma comunidade. E só faz sentido olhar para esta fronteira de forma integrada, considerando-se que, para além das areias e dos turistas, a solução passa, sobretudo, por escutar os de cá. A começar pelos que vivem do mar e que atravessam essa fronteira diariamente. Daniela Araújo

foto daqui

qual o postal que queremos da Figueira?

Era esta a questão colocada por Miguel Figueira em 2007, num debate promovido pela Figueira Viva e que, na altura, deu título a uma notícia publicada no jornal local A Voz da Figueira.

Hoje, continuamos a fazer a mesma pergunta. O que é que nos identifica nesta cidade que se tornou famosa pela beleza das suas praias? Quais os nossos lugares emblemáticos? O que queremos para a nossa cidade? Como é que podemos construir um futuro de modernidade, preservando a nossa memória colectiva? Independentemente dos pareceres técnicos e das respostas economicamente viáveis que ouvimos da boca dos nossos governantes, é urgente escutar os de cá, como lembra a antropóloga Daniela Araújo num texto publicado há poucos dias aqui. E escutar o grupo de cidadãos que tem vindo a reflectir sobre a importância do mar no desenvolvimento da cidade. Hoje sabemos que a instalação de um bypass que retiraria a areia em excesso da praia da Claridade, colocando-a a sul na praia do Cabedelo, pode trazer de volta o mar à cidade. É este o postal que quero!

foto daqui

surf girls

No final dos anos 20, três miúdas à espera das ondas na cabana da praia, com as pranchas ao lado. Mais fotos aqui

cronologia de um movimento

Principais momentos de um movimento cívico:

Setembro de 2009 Logotipo Humano no mar com 215 surfistas na praia do Cabedelo
Fevereiro de 2010 Seminário "Impacto do Surf na Sociedade" e lançamento das primeiras propostas de intervenção urbana para a integração do sul da cidade
Junho de 2010 Participação na elaboração do Guia de Surf com o Turismo do Centro de Portugal
Setembro de 2010 Vitória no encontro Nacional de Arquitectos na Barragem do Picote - Torneio Escada
Junho de 2011 Elaboração da candidatura do Cabo Mondego a WORLD SURFING RESERVES com a Câmara Municipal da Figueira da Foz
Setembro de 2011 Vitória do projecto CIDADESURF na iniciativa MOVIMENTOMILÉNIO categoria Cidades, com apresentação da solução da reposição artificial da deriva litoral através de um BYPASS
Fevereiro de 2012 Viagem ao outro lado do mundo. Ciclo de conferências no estrangeiro com visita ao BYPASS de Colangatta, na Austrália
Março de 2012 Participação no grupo de trabalho GLOBAL SURF CITIES
Maio de 2012 Distinção com duas Menções Honrosas no Concurso de Ideias para a Praia da Figueira, para contributos no âmbito da revisão do POOC Ovar - Marinha Grande
Junho de 2012 Lançamento da campanha O MAR À CIDADE

mais detalhes aqui

dias de praia #1

Todas as semanas uma ou mais imagens de celebridades, e outras pessoas menos famosas, na praia. 

Esta é a primeira.

Marylin Monroe fotografada por Andre de Dienes, Tobey Beach, 1949

pesca de arrasto

Em todo o vasto areal que se estende de Espinho ao cabo Mondego, a pesca é de arrasto e a grande abundância de sardinha, grande, média e pequena ou, por outra, vareirinha como lhe chamam no interior das terras. O areal e o mar ensinam e exigem a pesca colectiva - um grande barco, uma grande rede e uma forte companha. A saída é perigosa e de um momento para o outro a onda cresce e o barco não pode abdicar. Daí as enormes embarcações as redes, as cordas e os bois para as puxar. Para o sul, até Pedrogos, em Lavos, em Buarcos, a pesca é também costeira e de arrasto.

Julho de 1922, Os pescadores, Raul Brandão

 foto daqui

obrigação

O filme Obrigação, que João Canijo rodou em Caxinas, foi apresentado na passada quarta-feira, 11 de Julho, no 20º Curtas - Festival Internacional de Vila do Conde.  É através do olhar das mulheres de Caxinas e da sua relação com os maridos pescadores, filmando o seu trabalho diário em terra a que chamam “fazer a obrigação”, que Canijo retrata a vida desta comunidade piscatória, no documentário ainda incompleto que foi agora tornado público. Mais fotos aqui.

Obrigação, João Canijo, 2012. Nas Caxinas a relação entre a mulher e o pescador funda-se numa confiança vital, que nasce da dependência recíproca e total para a sobrevivência da família. A mulher confia e depende do pescador para sobreviver, o pescador confia e depende da mulher para lhe gerir a vida.

Estaleiro TV - Making Of: Obrigação

salineiras

Com a ponte velha ainda ao fundo, descalças e de alguidares à cabeça, as salineiras transportam o sal que os homens amontoam nos corredores das salinas. Trabalho árduo este, acumulado com outras actividades para complementar o sustento, e com os demais afazeres das lides domésticas e do cuidar dos filhos.

 postal antigo da Figueira

renaturalizar é devolver a areia ao mar

O que começou por ser um alerta de um grupo de surfistas para a destruição de uma onda na praia do Cabedelo, a sul da Figueira da Foz, aprofundou-se numa reflexão pluridisciplinar sobre a importância das ondas e da deriva litoral na protecção da orla costeira, alargando-se posteriormente a um movimento de cidadãos que tem alimentado o debate público com propostas concretas de salvaguarda do património natural e histórico da cidade. 

No último sábado, na esplanada do Hotel Tamargueira, Buarcos, na Figueira da Foz, foram discutidas propostas para a cidade e apresentada a campanha O MAR À CIDADE. Uma reflexão feita a olhar para o mar, e não de costas para ele voltadas. Não aceitamos que o betão invada o mar como invadiu a cidade, como pretendem os técnicos do POOC (Plano de Ordenamento da Orla Costeira) com a construção de três paredões paralelos à costa, com 150 metros, em Buarcos.

A Voz da Figueira, 11-07-2012

do mar para a mesa

Hoje, uma abrótea pequena e dois carapaus médios...

Carapaus grelhados com molho de escabeche 

Lave bem os carapaus e deixe-os tomar de sal, pelo menos 1 hora. Coloque os carapaus numa grelha untada de azeite ou óleo e ponha-a no fogareiro. Deixe grelhar lentamente e vire a grelha com frequência. Para o molho escabeche corte duas cebolas às tiras e alho a gosto também às rodelas. Coloque numa frigideira 1,5 dl de azeite virgem, e adicione a cebola, os alhos, uma folha de louro e 1 colher de chá de colorau. Deixe cozinhar em lume brando até notar que a cebola está bem cozida. Junte 4 colheres de sopa de vinagre de vinho e mexa bem. Coloque depois este molho bem quente nos carapaus já grelhados. Acompanhe com batata cozida e uma salada de tomate temperado com flor de sal, azeite virgem e orégãos.

manifesto

Queremos reabilitar o mar, queremos aproximar o norte e o sul, queremos de volta a praia da claridade, coroá-la de novo a rainha das praias, queremos viver numa cidade em que os interesses económicos não nos roubem o mar, mas o usem de forma responsável, queremos que o mar seja o lugar das oportunidades e não dos oportunismos. Queremos o mar à cidade!

fotomontagem sobre postal antigo da campanha O MAR À CIDADE

epigrama

Luís Cília canta  "Epigrama" de Afonso Duarte num encontro de emigrantes portugueses em França (1966)

Há só mar no meu País

Não há terra que dê pão:
Mata-me de fome
A doce ilusão
De frutos como o sol.
Uma onda, outra onda,
O ritmo das ondas me embalou.
Há só mar no meu País:
E é ele quem diz,
É ele quem sou.

atlantico

Mar,
Metade da minha alma é feita de maresia.
Sophia de Mello Breyner

fotograma do filme "Sophia de Mello Breyner Andresen" de João César Monteiro  (1969)